Querido leitor que procura entender o que significa incluir um filho que não pôde nascer, gostaria de compartilhar algumas reflexões com base na abordagem da Constelação Familiar, criada por Bert Hellinger.
Se você carrega a difícil dor de ter tido um filho que não pôde nascer, seja por um aborto espontâneo ou provocado, é importante lembrar que, nas constelações familiares, o que importa é o amor e o acolhimento, sem julgamentos.
Segundo a Lei do Pertencimento, uma das leis naturais que regem nossas vidas, todos pertencem à família, independentemente das circunstâncias. Cada membro tem seu lugar e faz parte do sistema familiar.
Não importa a duração da gestação ou se o filho foi desejado. Ele existiu e sempre será seu filho, precisando ser reconhecido, contado e, acima de tudo, existir de forma amorosa, verdadeira e profunda em seu coração.
Negar ou esquecer esse filho pode causar desequilíbrios emocionais e físicos tanto na vida dos pais quanto nos irmãos vivos e nos descendentes futuros. É necessário que o sistema esteja em ordem, independentemente de nossas preferências ou crenças.
Para que cada indivíduo possa viver sua própria vida, escrever sua própria história e seguir seu próprio destino, é fundamental reconhecer os filhos que não puderam nascer, incluindo também aqueles que nasceram e morreram depois. O não reconhecimento consciente ou inconsciente desses filhos pode ser a causa de problemas emocionais e impede que os irmãos vivos alcancem a plenitude em suas próprias vidas. Eles podem sentir a falta do que não nasceu e, de certa forma, homenageando de forma distorcida aquele que não sobreviveu, podem dizer: "Por amor a você, eu também não me permito viver".
Os membros da família estão unidos por um profundo amor, que precisa ser reconhecido e ter seu lugar no coração e na família. Somente assim os envolvidos, tanto fisicamente presentes quanto não, nesses laços energéticos, poderão se sentir livres para viver plenamente.
Para aqueles que já passaram por sessões de Constelação Familiar comigo, sabem que:
Seu filho não morreu. Ele sempre deverá permanecer vivo em seu coração e na família.
Ele tem seu lugar. Portanto, jamais coloque outro filho no lugar daquele que não pôde ficar. Por exemplo, se você perdeu ou abortou o primeiro filho e teve outros dois depois, você tem três filhos. O primeiro filho precisa continuar sendo o primeiro, o segundo precisa ocupar o lugar de segundo filho e o terceiro precisa ocupar o lugar de terceiro filho. Quando essa ordem não é respeitada, ocorrem diversos problemas, principalmente na vida dos irmãos que estão vivos.
Os filhos vivos precisam saber da existência do irmão que não pôde nascer. No caso de aborto provocado, você não precisa mencionar o aborto, apenas que perdeu um bebê.
Dê um nome ao seu bebê. Mesmo que você não saiba se era menino ou menina, confie que seu coração sabe.
Adquira um objeto simbólico, como um brinquedo pequeno, que represente esse bebê. Coloque-o em um lugar visível em sua casa, onde você passa com frequência. Sempre que visualizar esse objeto, dirija-se ao seu filho da seguinte maneira:
Se foi um aborto espontâneo: "Meu querido filho [nome], sinto muito por tudo o que aconteceu. Por algum motivo, você não pôde ficar, mas você sempre será meu [primeiro, segundo, etc.] filho. Este é o seu lugar. Eu vejo você, você faz parte, você pertence à nossa família. Você estará sempre vivo e presente em meu coração e em nossa família".
Se foi um aborto provocado: "Meu querido filho [nome], sinto muito por tudo o que aconteceu. Por algum motivo, eu não consegui fazer diferente, mas você sempre será meu [primeiro, segundo, etc.] filho. Este é o seu lugar. Eu vejo você, você faz parte, você pertence à nossa família. Você estará sempre vivo e presente em meu coração e em nossa família".
Lembre-se de que essas orientações estão embasadas na teoria da Constelação Familiar e podem ajudar no processo de compreensão e inclusão do filho que não pôde nascer em seu sistema familiar. Respeitar e honrar a presença desse filho pode trazer um maior equilíbrio e harmonia para todos os envolvidos.
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